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sexta-feira, 3 de abril de 2015

eduardo taddeo - conhecendo um pouco mais do verdadeiro rap nacional

Carlos Eduardo Taddeo é filho de uma faxineira que teve quatro filhos em dois casamentos. Moravam no Glicério, bairro antigo e popular do centro de São Paulo, conhecido pelos cortiços e pela pobreza. Seu pai biológico era descendente de italianos e empresário da noite, mas casado com outra mulher.
As dificuldades se agravaram com o afastamento gradativo do pai, que fizeram com que a mãe e os quatro filhos fossem morar em pensões, com banheiros coletivos. Aposentada por invalidez, com o mal de chagas, chegou às vezes a pedir esmola ou cesta básica na igreja.
Estudou em escola pública até a quinta série do ensino fundamental. Míope, tinha vergonha de usar óculos. Suas roupas eram surradas e os tênis velhos. Ganhava alguns trocados tomando conta de carros na rua.
Convivendo com o cotidiano do crime, a violência ora despertava nele um desejo de ser bandido. “Eu via os caras com tênis novos e queria ser criminoso” Aos sete anos, furtou um toca-fitas e roubou dólares de um japonês. Em outra situação, foi parar na delegacia para averiguação de furto em um supermercado, mas saiu sem maiores consequências. Aos nove anos, começou a se envolver com outros criminosos, levando e trazendo armas. Odiava álcool, mas não benzina, maconha e cocaína e experimentou até crack. Com 16 anos, fez assaltos à mão armada.
Eduardo atribui sua salvação do mundo do crime a um sujeito cujo apelido era Equipado, que era namorado de sua irmã e um pouco mais velho. Tinha esse apelido porque ia para a escola cheio das tralhas. Uma vez, Equipado mostrou um gravador com uma fita cassete da música "Corpo Fechado", de Thaide e dj Hum, que Eduardo escutou. “Aquilo me pegou”, ele conta. “Era uma coisa de falar rimando, que eu achei que podia fazer. Escrevi uma letra, mostrei para o Equipado, e ele disse que eu mandava bem. Daí não parei mais.”
Dessa brincadeira, Eduardo perseguiu o sonho de ser rapper e, no fim da decada de 80, formou um grupo integrado por garotos de rua, entre os quais Washington Roberto Santana, mais conhecido como "Dum Dum", chamado "Esquadrão Menor". Sem conseguir engrenar, o grupo se desfez e Eduardo aceitou um convite do sogro para trabalhar como ajudante de cozinha. Passou dois anos nessa função.
Ainda em 1989, ele funda o Facção central com a formação de Nego (atualmente conhecido como Rapper Mag) e Jurandir - os dois últimos deixaram o grupo, enquanto Garga e Dum Dum se juntaram a Eduardo e iniciaram as atividades do grupo. Manteve-se como líder e principal letrista do Facção Central até 18/03/2013, quando comunicou oficialmente um vídeo no youtube ao qual anunciava sua saída do grupo, devido a algumas desavenças pessoais e divergências ideológicas.

Eduardo faz palestras por todo Brasil e periodicamente visita a Fundação Casa. Apesar de não ter concluído seu ensino fundamental ele incentiva em entrevistas, shows e palestras, os jovens da periferia a estudarem alegando que ter um diploma e estar bem informado é mais audacioso que portar metralhadoras. Em 2012, ele lançou "a guerra não declarada na visão de um favelado", seu primeiro livro. Recentemente lançou seu primeiro cd solo "A fantástica fabrica de cadáver"